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O Retrato de Dorian Gray
Oliver Parker, 2009




O famoso romance de Oscar Wilde conhece mais uma versão cinematográfica, desta feita mais modernizada, mais repleta de efeitos especiais, mas mantendo as boas interpretações e o misticismo e drama por detrás do enredo. O livro publicado em 1890 já fez chegar ao cinema e á televisão cerca de 16 adaptações.


Dorian (Ben Barnes) é um rapaz de uma beleza invulgar e com uma concepção ingénua da realidade, que logo lhe é deturpada ao chegar a uma Londres Vitoriana. Pela mão do amigo, Lord Henry Wotton, Dorian começa a adulterar os seus princípios, e envereda por uma vida de libertinagem. A sua imagem é enfatizada por Henry, que lhe incute a admiração pelos prazeres fáceis. Torna-se modelo para um quadro do pintor Basil Hallward, que pretende tornar toda a sua perfeição física eternizada numa tela. Ao ver o quadro, Dorian apaixona-se por si mesmo, e faz um pacto com o demónio, afirmando dar tudo, até a alma para que o quadro envelhece-se por si, e a sua beleza para sempre prevalece-se. A obra começa então a transparecer a sua vida de excessos, enquanto que a sua aparência não sofre qualquer passagem do tempo.


Ben Barnes (As Crónicas de Nárnia) interpreta bastante bem o papel de Dorian, atribuindo-lhe o carisma necessário, para as fases antagónicas da personagem, passando de correcto e pueril, a libertino, narcisista e corrupto, a psicótico e insalubre. Colin Firth por sua vez, interpreta a personagem que se tornaria decisiva na transformação de Dorian, o pérfido Henry.


A trama é uma contínua batalha entre o certo e o errado, e uma crítica ao estilo de vida erróneo da aristocracia inglesa do século XIX, uma reflexão sobre a a decadência da cultura vitoriana e a obsessão pela juventude eterna e pelos prazeres efémeros.



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This is War
30 Seconds to Mars, 2009



Na primeira canção que enceta este novíssimo albúm dos 30 Seconds to Mars, "Escape", Jared Leto sussurra que "isto não é um jogo" e que é "hora de escapar". Um coro de miúdos, como que retirados de uma outra canção dos Pink Floyd, alerta-nos "Isto é guerra". Deixa-nos com medo, sem dúvida.

Em "Kings & Queens", há a vontade de esta ser uma canção épica, de ter uma mensagem revolucionária, mas acaba por ser um misto U2 e de uns Coldplay mais recentes, com uns vocais puxados ao limite. Mr. Leto, não é a berrar que nos fazemos ouvir.

"This is War", é a canção ideal para Jared Leto rebentar as cordas vocais. E como qualquer música inspirada na guerra, venha então o cliché dos tambores sincopados. E os coros, os coros.

"Hurricane", vem acalmar as hostes (apesar da ironia do título), e longinquamente ouvimos algo que lembra Nine Inch Nails, se nos conseguirmos abstrair da voz, até sensivelmente meio da música, em que na parte melhor, Jared berra como se não houvesse amanhã, e Kanye West diz qualquer coisa. Tirando isso, e se não fosse o toque á Timbaland, o instrumental está interessante, e voz é suportável por um mais longo período de tempo. E no fim, os coros, os coros.
"Closer to The Edge", é o segundo single, é fácil de ouvir, é a música orelhuda e radiofónica.

"Vox Populi", começa com todos os clichés dos 30 Seconds to Mars. Tambores, coros, Jared Leto armado em sargento. Letras que querem gritar algo importante, mas que se esforçam demasiado. E gritam demasiado. "This is a battle song, time to go to waaaar". Ok, já percebemos sargento Leto, é preciso repetir o mesmo em todas as faixas?

"Stranger in a Strange Land", (que por acaso tem o mesmo nome de uma música dos Iron Maiden) traz de novo reminescências de Nine Inch Nails, partes electrónicas interessantes, que mais uma vez são abafadas pelos gritos desesperados de Jared Leto. Logo agora, que se estava quase a conseguir apreciar algo no albúm, decentemente...

Por ultimo "L490", porventura a melhor música do albúm, um instrumental bastante bom, que faz lembrar Anathema, ou God is an Astronaut, por exemplo. Nota-se a diferença, o não ter que ouvir as letras repetitivas, nem berros inapropriados. Consegue-se de facto ouvir esta música, pois parece que não faz parte do albúm, desenquadra-se totalmente da linha a que este albúm nos habituou.

Em suma, mais do mesmo, vocais exagerados, letras que se ficam pelo mesmo assunto. Pegaram no tema da guerra, e quiseram transformar este albúm num clássico, mas o esforço é nítido, a ambição de se quererem tornar numa banda épica e credível é exagerada, até na própria imagem que Leto adoptou, um filho perdido entre um Bono Vox, e um punk qualquer efeminado que veste Prada e casacos da Burberry. 30 Seconds to Mars querem ser tudo o que há para "ser" na música, e acabam por realmente constituir pouco. E por favor, devolvam o coro dos miúdos aos Pink Floyd.



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Moonspell + special guest Anneke Van Giersbergen



Alice in Chains



Faith No More






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Para mim, escrever é um acto que geralmente empreende um mau sentimento, uma revolta, um angústia qualquer. É isso o motor da minha escrita. É essa inspiração malígna que me faz correr as palavras no sangue. É incrível que coisas positivas, que nos trazem alento á alma, nunca me lembram de as imortalizar em palavras, quer faladas, quer escritas. Fico demasiado abstraída pela sua magnitude, e regozijo-me a comtemplá-las em vez de retratar para o futuro.

Neste momento em que escrevo, e sem fugir á regra que enunciei anteriormente, a escrita encarrega-se de me aliviar um pouco o espírito. Mas não venho eternizar mágoas. Hoje, o que me move é o fim de algo, e por esse algo ter sido tão mágico, sinto que devo escrever sobre isso.

Neste momento, estou perdida. Sinto-me perdida num barquinho em águas turvas e revoltas, imbuídas numa escuridão assustadora e sem fim á vista, de novo.

A vida é isto. Este mar negro, e este barco pequeno e prestes a ser engolido a qualquer momento. Mas há uma certa altura da vida em que pensamos que encontrámos um marujo igual a nós, que nos acompanha no mesmo barco desengonçado, e que nos dá força para aguentar o medo da escuridão e do mar bravo. Estamos os dois a remar no mesmo sentido, ainda que num barquinho roído e podre, e falível, ambos queremos remar para fora dali. Parece-nos o ideal, e a escuridão aos poucos vai-se afastando, no nosso âmago já não temos qualquer vestígio de medo. O outro marujo fez-nos ver que a escuridão só servia para assombrar e nos fazer recuar, do que possívelmente depois dela, estaria, algo paradisíaco, onírico. Com a força nos remos de ambos, conseguimos atingir isso. Ou, pelo menos, na minha vista velha e cansada, vi um farol brilhar incessantemente. Não parou de me guiar, e eu não hesitei em deixar-me guiar. O marujo e o farol fizeram-me continuar e sair da escuridão.

Hoje o meu marujo desapareceu, e o farol desfez-se na neblina. Hoje desisti de remar e o meu barquinho afundou-se comigo.

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Diary of Anne Frank
Jon Jones, 2009

Amesterdão, 1942.
Anne escreve no seu caderno de bolso. A guerra rebenta, e a família de Anne vê-se forçada a abandonar a sua habitação, indo-se refugiar no sotão do edifício onde o pai de da rapariga trabalha. Assim, partem os 4, a mãe angustiada de Anne, Edith, o pai, Otto, a irmã de 16 anos, Margot, e Anne.

Pouco depois, uma outra família, os van Dann junta-se ao agregado Frank. Têm um filho, Peter, que seria o primeiro e último amor de Anne. Em seguida, um dentista solitário, Albert Dussel, junta-se a eles também. A trama tem apenas um cenário principal, o sotão onde estas 8 pessoas vivem em conjunto, e as peripécias que se desenrolam, sob o ponto de vista de Anne.


A rapariga relata o avançar das consequências da guerra, a partir de um anexo pequeno demais para tantas pessoas, onde o único contacto com o exterior é através de uma telefonia, numa perspectiva peculiar e madura para uma adolescente com 14 anos. Ela vai traçando os perfis de quem com ela habita aquele sotão poeirento, e de como se sente sozinha e a sufocar naquele refúgio. Anne quer-se tornar uma mulher independente, quer ter uma carreira, e tem uma opinião firme sobre o estado da sua nação. Tem o sonho de ser actriz, mas logo se apercebe que o seu talento é para a escrita, e aspirou, então, a ser jornalista. O filme apesar de ter como pano de fundo a guerra, foca-se no crescimento da adolescente, nas preocupações, nas considerações sobre o seu próprio corpo, e o amadurecimento deste, e na descoberta inocente do amor.



Ao fim de 2 anos em cativeiro, em 1944, são descobertos pelos agentes da Gestapo, e seguidamente enviados para diferentes campos de concentração, como o de Neuengamme, Aushwitz, ou Bergen-Belsen. Anne morreu em Bergen-Belsen, em 1945. Apenas o pai de Anne sobreviveu, falecendo em 1980.



Este filme de Jon Jones foi exibido como mini-série de 5 episódios, na BBC em Janeiro de 2009, em parceria com a France 2, de forma a trazer de novo a imagem icónica de Anne, á lembrança da nova geração, e contém passagens reais do diário. Ellie Kendrick teve um desempenho brilhante no papel principal.