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O que fora outrora o aproximar do aconchego
Esboça agora um salto cego para o abismo
Soturno, apático e sem brio
O desfolhar da epilética sinfonia
Que tardava em se fazer ouvir
Mas depressa alastrou por todas as frenéticas artérias que consumiu.

Era o calor que me prendia, do corpo ou da alma
Que se intrusou em mim
Enquanto as minhas mágoas matava
Foi a respiração inquieta que sentia
Que infiltrou em mim um pulsar novo
Um fôlego maior que os meus pulmões pudessem aguentar.

Subi até ao mais alto dos pedestais
Nunca olhei para trás, os olhos estavam toldados
Não pensei que a iminência de cair fosse real
Afinal, nunca tal segurança me tinha prendido a si.

Agora só a réstia de um sufoco perdura
Nos destroços gritantes da memória
Qual furacão, rápido, incisivo e inconsequente
Ainda não me deixa viver, apesar de já ter fugido
Pensei que me tornarias invencível, mas venceste-me
O meu ser foi vencido, ardeu por um fogo que sempre foi frio.